terça-feira, 31 de agosto de 2010

Entrevista: "Who is this guy? Rock História!"

O ARTHERIA traz, com muito prazer, um entrevistado muito especial, diretamente de L.A. (Los Angeles/ Califórnia - EUA) para trocar dois dedinhos de prosa conosco. Eu estou falando de SERGIO MELLO, moçada.

Seja muito bem-vindo ao ARTHERIA e, como diz a Sun, “mi casa, su casa”.

by BIS





Biografia
Sergio Mello sempre esteve dividido entre música e literatura desde os vinte anos de idade quando escrevia para publicações alternativas de São Paulo e do Rio de Janeiro e depois trabalhando como free-lance em Londres, Nova York, Los Angeles e São Francisco, escrevendo sobre artes & espetáculos para diferentes jornais e revistas. Trabalhou como repórter do semanário do jornalista cult Samuel Wainer “Aqui, São Paulo” e da lendária Revista Pop da prestigiada Editora Abril. Entre suas principais influencias literárias, John Fante, Somerset Maugham e Jack Kerouac encabeçam a lista. Como músico e compositor fez parte do movimento de vanguarda do Teatro Lira Paulistana em São Paulo junto com o artista plástico José Roberto Aguilar, Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé. Foi no Lira a estreia de seu show “São Paulo você não presta mas eu te amo” que ficou em cartaz durante uma semana com criticas positivas e casa sempre cheia. Sua estreia em disco foi em 82 no LP MPB Independente, ao lado de Arnaldo Baptista (Mutantes), Paulinho Boca de Cantor (Novos Baianos), Fagner, João Bosco, Caetano Veloso e Tom Jobim. O disco foi lançado em 82 pelo jornal “O Pasquim.” Mello começou a viajar quando com vinte e poucos anos ganhou uma passagem para Londres num Festival de Musica Universitária e tomou gosto pela coisa. Estradeiro apaixonado já percorreu dezenas de milhares de quilômetros por trilhas brasileiras, norte-americanas e do Velho Continente, e continua querendo mais. Viveu em vários países da Europa e durante mais de quinze anos morou em diversas capitais americanas sempre trabalhando com musica e literatura. Em Los Angeles fez trilhas para cinema e tevê, gravou e excursionou com sua banda Smello & The Flu e participou de varias excursões a Nashville-Tennessee trabalhando como diretor musical e baixista da cantora canadense Nadine Autry. Atualmente grava um novo cd de musicas inéditas com os reconhecidos escritores e poetas Alex Solnik, Reinaldo Moraes, Carlos Caramez e Nei Duclós, seus parceiros habituais, enquanto revisa seu segundo livro “Fragmentos de Abóboras - Histórias de Los Angeles.”




ılı.lıllılı.ıllı..ılı.lıllılı.ıllı

Conta pra gente, quem é Sergio Mello?

‘Who is this guy?’ Budista, vegetariano do signo de escorpião, um cara sossegado de fala mansa que acredita que se esse mundo tem de acabar, que seja ao menos como uma canção de Brian Wilson: suave, melódica e com menos de três minutos.

ılı.lıllılı.ıllı..ılı.lıllılı.ıllı

E como foi essa relação com a música desde cedo?

A relação com a música começou ainda no ventre materno, segundo minha mãe meus riffs de bateria eram motivo de protesto e dor. Tanto que a primeira vez que me apresentei em público como profissional ganhando cachê foi sentado atrás de uma bateria acompanhando cantores de rock no começo de carreira em Sampa.

Eu tinha na época 16 anos e tocava nas boates da paulicéia com uma identidade falsa, mas a piração com a música começou pra valer durante os verões no Rio de Janeiro onde sempre passava as férias de fim de ano - sou o único paulista (por acaso) de uma família de cariocas e apesar de ter vivido em Londrina-PR até os 14 anos eu sempre esperava essas tais férias, que eram como um bálsamo pra minha alma adolescente. O surfe, os primeiros namoros que inevitavelmente começavam na praia naqueles finais de tarde mágicos com cheiro de maresia e de incandescentes paixões que piravam qualquer garoto com um mínimo de sensibilidade.

Aos 14 vim com a família pra Ribeirão [Preto] e quando a invasão inglesa chegou por lá parecia que eu já estava há muito tempo pronto e esperando pra pegar aquela onda. aos 16 fugi de casa deixando pra trás uma vida de “playboyzinho” babaca de classe média-alta e me enfiei nos inferninhos enfumaçados da barra pesada de Sampa e nunca mais olhei pra trás.


ılı.lıllılı.ıllı..ılı.lıllılı.ıllı

Para quem não sabe você também é escritor, como esse seu “outro lado” foi despertado?



Escritor? Maybe. Desde que eu me lembre, minha vida sempre esteve dividida entre música e jornalismo. aos 13 e ainda em Londrina, ganhei um concurso de crônicas da minha escola - Instituto Filadélfia de Londrina - e uma coleção de Eça de Queiroz que tenho até hoje. A crônica se chamava "As pulgas de Brasília" e o que chamou a atenção dos jurados acho que foi o fato de que até quase no final do texto as pessoas achavam que eu falava da recém-inaugurada capital federal, mas na verdade eu comentava sobre um pulgueiro que a gente frequentava em Londrina chamado ‘Cine Brasília’.

Depois em Sampa fui trabalhar na ‘Revista Pop’ da Editora Abril e num jornal cult de Samuel Wainer chamado ‘Aqui, São Paulo’ enquanto escrevia como freelancer matérias para a Rolling Stones brasileira e mais uma penca de jornais independentes que existiam na época. Aos 21, quando fui pra Londres, mandava de lá matérias sobre música pra Pop, Veja e todos os jornais independentes ou não que topassem trocar minhas matérias por algumas moedas.

[continua parte II]

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