quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Entrevista parte IV (última parte)


Uma história interessante nesses (tantos) anos de estrada.

A VERDADEIRA ARTE DE VIAJAR

A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali... Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!
(Mario Quintana)


Talvez um trecho do "Rock História", quando o personagem Izzy Pepper começa a trabalhar dirigindo um táxi em San Francisco-Califórnia no final dos anos 70.

Conheceu Gary Green num ônibus indo pra escola. O cabeludo de olhos imensamente azuis e chapéu de pele de coelho, estilo David Crockett, bateu os olhos no brasileiro e sentou-se a seu lado pra puxar conversa. Gary vivia numa comunidade hippie a cem quilômetros de San Francisco e como dirigia um yellow cab pelas ladeiras de Frisco, convidou Izzy para se juntar a ele.
A grana era boa, não havia chefe no pedaço e quando tivesse de saco cheio poderia ir pra casa e voltar no dia seguinte. Tirou uma carteira de motorista e se apresentou no escritório da companhia nos arredores da cidade. Depois de um teste fajuto, conseguiu a vaga. O exame foi mole, mas o turno dos novatos era foda. Tinha que estar na garagem antes das oito da noite pra pegar o carro, limpar a sujeira de dentro, encher o tanque e sair pras ruas. Às cinco da manhã voltava pra entregar o táxi pra próxima vítima. Era um pau danado.
Rodava pela cidade de noite caçando passageiros nas portas de hotéis, bares e night clubs. De madrugada recolhia o entulho humano das ruas, devolvendo as suas casas, putas chapadas, bêbados inconvenientes e turistas sonolentos. A galera que desejava uma cama há essa hora carecia de um táxi como um recém-nascido de uma teta. Normalmente educados e cordiais nessas horas os franciscanos se alteravam e muitas vezes partiam pra briga. Por um taxi.
Quem não havia assistido ao filme “Taxi Driver” de Martin Scorcese, com Robert De Niro e Jodie Foster?
Travis Bickle, o personagem de De Niro é um jovem frustrado e mentalmente instável que sofre de insônia e conseqüentemente arruma emprego como taxista na cidade de Nova York para trabalhar no turno da madrugada. Travis passa o seu tempo livre assistindo a filmes pornográficos em cinemas imundos e dirigindo sem rumo pela periferia de Manhattan. Enquanto observa Nova York de seu táxi irrompe com violência contra o que julga ser a escória que contamina a cidade e no processo ainda tenta salvar a personagem de Jodie Foster das mãos de um gigolô.
O roteiro criado por Paul Schrader era impecável, mas hollywoodiano. Em San Francisco a barra se tornava diferente, verdadeira e mais pesada. Assaltos de madrugada eram comuns. Havia casos de taxistas que ao reagir eram esfaqueados por junkies que se arriscavam àtoa tentando levantar uma grana para suprir suas necessidades. Cem duzentos dólares era dinheiro que comprava muita droga.
Apesar de dominar o idioma Izzy ainda não conhecia a cidade bem, muito menos as manhas do trampo e de cara levou alguns beiços. Malandros que desciam do táxi com o pretexto de buscar a namorada e segundos depois desapareciam era normal. Junkies que pagavam uma corrida só para se aplicar, idem. Nessas horas o jeito era abrir a porta e expelir os viciados.
As putas também aprontavam. Pra uma rapidinha ou um boquete, às vezes era mais econômico e seguro dar uma rodada pela cidade ao invés de entrar num muquifo barra pesada e ainda ter de morrer com cinqüenta dólares por um quarto. Com elas Izzy deixava barato e ainda recebia um extra.
Mas também havia casos ingênuos e engraçados. Uma tarde entrou no seu táxi uma hippie chamada Mary Kelly. Boa-praça e extrovertida, ganhava a vida vendendo sanduíches naturais no centro financeiro da cidade. No final do trajeto descobriu que não tinha a grana toda para pagar a corrida e ofereceu uma dúzia de brownies de chocolate e maconha para completar o pagamento. Kelly avisou que era uma receita forte, seria recomendável não comer mais do que um de cada vez. Na hora do almoço Izzy devorou dois e se sentiu bem. Em pouco tempo estavam fazendo efeito. Tudo começou a embaralhar. As luzes dos sinais derretiam a sua frente. Qualquer som de buzina durava uma eternidade, ressoava sem parar como se tivesse um poderoso reverb. Na Rua Market entrou no táxi um iugoslavo de meia idade, com um sotaque tão estranho que era impossível entender o que dizia e muito menos seu destino. O passageiro se encolerizou e começou a falar coisas ininteligíveis no seu dialeto. Parecia um buldogue rosnando. Olhando pra aquela cara redonda e vermelha como uma bexiga de festa de criança, Izzy teve um incontrolável acesso de riso. Chegou a um ponto em que não dava mais. Era uma viagem lisérgica recheada de deboche. Despejou o cara em plena Rua Castro, no coração do bairro gay, e nem se preocupou em cobrar a corrida.
Com o tempo ficou fácil identificar os tipos suspeitos à distância. Daí era só evitá-los antes que entrassem. Depois da primeira semana se habituara às esquisitices do novo trabalho e em um mês já tinha a cidade na palma da mão. Conhecia cada quebrada, viela, botequim, boca de fumo, e principalmente as zonas que deveria evitar. A parte boa era a liberdade que tinha além da grana que entrava todo dia. Ninguém tava nem aí com o que ele fazia durante seu turno. Desde que pagasse a gasolina e o pedágio para usar o carro tava tudo bem. Encontrava-se com Gary Green durante as folgas para beber e relaxar.
A cidade das ladeiras. Dos bondinhos. Dos hippies. Da maior Chinatown fora da China. Dos gays, lésbicas, transgênicos e loucos de todos os tipos é circundada por quarenta colinas, possui uma topografia arrebatadora e cinematográfica. Desde o cinema mudo de Charles Chaplin e Mary Pickford que SanFran é usada como cenário de filmes de diretores consagrados.
O Falcão Maltês (1941), (Vertigo (1958), Os Pássaros (1963), Adivinhe quem vem para jantar? (1967), A Primeira noite de um homem (1967), Bullit (1968), Dirty Harry (1971), Play it again, Sam (1972), American Grafitti (1973), Fuga de Alcatraz (1979), Instinto Básico (1992), Mrs. Doubtfire (1993) e Entrevista com o Vampiro (1994) são alguns exemplos de como uma das cidades mais fotogênicas do mundo parece ser também a favorita dos cineastas
.

Gostaria de dizer alguma coisa aqui para o público do Artheria ou deixar uma mensagem?


Respeitem nosso planeta (é o único que temos pra viver), reciclem, parem de comer carne e calma, violência!

Câmbio e desligo.

[o ARTHERIA agradece a gentileza desta entrevista]

Entrevista parte III

E nesses tantos anos de estrada, o que mais te motivou a continuar sempre confiante?

O que motiva a seguir nem tão confiante como gostaria é simplesmente o fato de que não dá pra ficar quieto ou reclamando de tudo sem fazer nada. Só de estar aqui escrevendo pra você e dando toques e fazendo comentários já é uma coisa positiva ao mesmo tempo em que assisto a evolução da raça humana com preocupação e ceticismo.

O homem está voltando pras cavernas carregando seus notebooks, blackberries e TVs de blu-ray. A Amazônia está sendo destruída para se transformar em pasto, para se criar gado para alimentar a população do planeta, a mesma população que cresce num ritmo igual ao da devastação. Se continuar nessa levada, em 1, 2 [uma ou duas] décadas não haverá tanta fartura e talvez haja até racionamento de carne, e as pessoas não abrem mão disso, do filé, da picanha, do churrasco ‘maledeto’ dos finais de semana.

O Paul McCartney, vegetariano radical, está agora numa cruzada pedindo para que a humanidade deixe de comer carne pelo menos um dia por semana e isso já bastaria para melhorar o equilíbrio ecológico do planeta.

Na última conferência sobre o clima em Copenhague [na Suiça] grupos vegetarianos pareciam ávidos em divulgar a mensagem de que o metano, expelido em grandes quantidades por vacas e outros rebanhos criados pelas indústrias de carne e laticínios, está entre os mais potentes gases do efeito estufa. Mas as virtudes do vegetarianismo como parte do combate à mudança climática estão longe de ser uma questão apenas para aqueles com inclinação espiritual. Muito antes do encontro de cúpula em Copenhague, o aumento da demanda por carne e laticínios, particularmente entre a crescente classe média de países como China e Índia, com economias em rápido desenvolvimento, fez com que os elos entre a mudança climática e a política alimentícia se transformasse em um elemento importante no debate em torno do que fazer a respeito do aumento dos níveis de gases do efeito estufa.

Agora na visão "Mello": o que é música?

Você me pergunta o que é música pra mim e te devolvo o seguinte pensamento: imagine se só houvesse o silêncio, nenhuma nota musical, somente o tenebroso, sombrio, tétrico, triste, lúgubre, nebuloso, secreto, confuso, misterioso, oculto e invisível silêncio. Quem aguentaria?

[pois é, Mello, sem música não dá!I do agree]

Quais foram seus precursores?

O blues dos negros do sul dos EUA, o lamento dos homens que trabalhavam nas plantações de algodão de estados como Georgia, Mississipi, Tennessee e seus vizinhos. Aquilo sim é música feita de sentimento e sem plano comercial.

Alguém na família já aponta a mesma vocação? (risos)

Meus dois netos, Felipe e Mateus, são puro rock'n'roll.

Entrevista parte II


Fale do seu último álbum, que ‘saiu do forno’ no final de junho [2010], não é mesmo?

Tenho gravado em L.A. algumas demos pra terminar aí no meu estúdio quando voltar e a ideia é que isso se torne um disco. Vamos ver. O último single, "Todo este tempo", em menos de um mês teve mais de 3 mil acessos no myspace, ninguém divulgou, não teve show de lançamento nem nada, foi uma resposta muito natural e positiva e olha que meus parceiros são uns puta poetas do cacete, ou seja, não tem riminha fácil nem clichê nem crase nem reticência. Confira:

Todo este tempo (Nei Duclós & Sergio Mello)

Todo este tempo em branco estive doente
Todo este tempo surdo estive morto
Todo este tempo vesgo estive louco
Todo este tempo porco esperei o vento
Todo este tempo sem esporro!
Nem que eu leve mil anos engravidando
Rebentarei com a verdade que vou guardando
Nem que eu leve mil anos esperando a vida toda morrendo


para ouvir esta e as outras canções de Sergio, acesse:
http://www.myspace.com/sergiorockmello


E o livro? Quando sairá? Mate um a nossa curiosidade adiantando um pouquinho da história, vai!



Quanto aos livros "Rock História" e "Fragmentos de Abóbora” ou “Os Estados Unidos não existem, eu sei, eu vivi lá", continuo atrás de uma editora que tope lançar os dois quase simultaneamente - o terceiro, "Melodia Macabra”, já está a caminho e estou louco pra entrar nessa historia de novo. Comecei há uns seis meses, quando dava as últimas penteadas no texto do Rock História, que é uma autobiografia e se você quiser te mando um trecho agora mesmo.

OLHA SÓ! O Sergio liberou um capítulo do livro "Rock História" para o público do ARTHERIA! Enjoy it!

- Barcelona, Madri, Frankfurt -

“Quando você se separou de mim
Quase que a minha vida teve fim
Sofri chorei tanto que nem sei
Tudo que chorei por você”
(Roberto Carlos)

Ao contrário das demais cidades alemãs, Frankfurt, “a menor metrópole do mundo”, com uma população igual à de Ribeirão Preto, não tentou renovar sua aparência depois da segunda guerra mundial. Ela reconstruiu arranha céus e construções modernas que convivem em harmonia com prédios medievais de mais de seiscentos anos.
Aproximadamente um em cada três habitantes de Frankfurt não possui passaporte alemão, venha de onde vier, um visitante irá sempre encontrar pessoas que falam seu idioma. Izzy não teve tanta sorte. Hospedou-se no Hotel Paris às margens do Rio Meno e no dia seguinte já estava na porta de uma fabrica de salsichas dividindo uma fila imensa com turcos, chineses, tchecos e indianos que preenchiam em inglês as fichas de trabalho. No mesmo dia caiu no batente.
Nas horas livres flanava pela cidade debaixo de uma garoa fina que gelava ossos e esfriava o coração. Chovia durante todo o tempo. Gotas de chuva batiam no seu rosto enquanto o vento uivava estranhas melodias sem nexo e as pernas enrijecidas pelo frio aumentavam a angústia e isolamento. A chuva não passava e Izzy sentia falta até de seu nome que os alemães insistiam em pronunciar com um z mais forte do que estava acostumado a ouvir.
Seu sorriso mudou, foi se tornando serio e a saudade tinha gosto de tomate seco. Passava pelos dias que passavam por ele com uma indiferença mesquinha onde Biafra era a única personagem viva nas bordas da memória. Seu cheiro continuava em suas mãos. Não contava mais os dias e ao contrario de quando chegou seu desespero se transformara em fios de resignação. Com movimentos mecânicos e pensamento distante, desempenhava seu trabalho na fabrica como um robô programado para cumprir sua função. Solidão é uma orquestra surda e taciturna onde acordes imaginários perturbam mais do que emocionam. Da cidade não conheceu quase nada. Depois que saía do trabalho, vagava por ruas forasteiras e terminava a noite numa cervejaria qualquer pra encher a cara antes de dormir. Aboletava-se num canto do balcão e entre uma cerveja e um chucrute ficava imaginando como o escritor e pensador Wolfgang Goethe, uma das figuras mais importantes da literatura alemã e do Romantismo europeu se sentiria na sua cidade natal um século depois. Às vezes algum vizinho de balcão puxava conversa, mas o papo logo morria. As duas únicas palavras que aprendeu em alemão foram “ein beer” e “dank”. (uma cerveja, obrigado)

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Entrevista: "Who is this guy? Rock História!"

O ARTHERIA traz, com muito prazer, um entrevistado muito especial, diretamente de L.A. (Los Angeles/ Califórnia - EUA) para trocar dois dedinhos de prosa conosco. Eu estou falando de SERGIO MELLO, moçada.

Seja muito bem-vindo ao ARTHERIA e, como diz a Sun, “mi casa, su casa”.

by BIS





Biografia
Sergio Mello sempre esteve dividido entre música e literatura desde os vinte anos de idade quando escrevia para publicações alternativas de São Paulo e do Rio de Janeiro e depois trabalhando como free-lance em Londres, Nova York, Los Angeles e São Francisco, escrevendo sobre artes & espetáculos para diferentes jornais e revistas. Trabalhou como repórter do semanário do jornalista cult Samuel Wainer “Aqui, São Paulo” e da lendária Revista Pop da prestigiada Editora Abril. Entre suas principais influencias literárias, John Fante, Somerset Maugham e Jack Kerouac encabeçam a lista. Como músico e compositor fez parte do movimento de vanguarda do Teatro Lira Paulistana em São Paulo junto com o artista plástico José Roberto Aguilar, Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé. Foi no Lira a estreia de seu show “São Paulo você não presta mas eu te amo” que ficou em cartaz durante uma semana com criticas positivas e casa sempre cheia. Sua estreia em disco foi em 82 no LP MPB Independente, ao lado de Arnaldo Baptista (Mutantes), Paulinho Boca de Cantor (Novos Baianos), Fagner, João Bosco, Caetano Veloso e Tom Jobim. O disco foi lançado em 82 pelo jornal “O Pasquim.” Mello começou a viajar quando com vinte e poucos anos ganhou uma passagem para Londres num Festival de Musica Universitária e tomou gosto pela coisa. Estradeiro apaixonado já percorreu dezenas de milhares de quilômetros por trilhas brasileiras, norte-americanas e do Velho Continente, e continua querendo mais. Viveu em vários países da Europa e durante mais de quinze anos morou em diversas capitais americanas sempre trabalhando com musica e literatura. Em Los Angeles fez trilhas para cinema e tevê, gravou e excursionou com sua banda Smello & The Flu e participou de varias excursões a Nashville-Tennessee trabalhando como diretor musical e baixista da cantora canadense Nadine Autry. Atualmente grava um novo cd de musicas inéditas com os reconhecidos escritores e poetas Alex Solnik, Reinaldo Moraes, Carlos Caramez e Nei Duclós, seus parceiros habituais, enquanto revisa seu segundo livro “Fragmentos de Abóboras - Histórias de Los Angeles.”




ılı.lıllılı.ıllı..ılı.lıllılı.ıllı

Conta pra gente, quem é Sergio Mello?

‘Who is this guy?’ Budista, vegetariano do signo de escorpião, um cara sossegado de fala mansa que acredita que se esse mundo tem de acabar, que seja ao menos como uma canção de Brian Wilson: suave, melódica e com menos de três minutos.

ılı.lıllılı.ıllı..ılı.lıllılı.ıllı

E como foi essa relação com a música desde cedo?

A relação com a música começou ainda no ventre materno, segundo minha mãe meus riffs de bateria eram motivo de protesto e dor. Tanto que a primeira vez que me apresentei em público como profissional ganhando cachê foi sentado atrás de uma bateria acompanhando cantores de rock no começo de carreira em Sampa.

Eu tinha na época 16 anos e tocava nas boates da paulicéia com uma identidade falsa, mas a piração com a música começou pra valer durante os verões no Rio de Janeiro onde sempre passava as férias de fim de ano - sou o único paulista (por acaso) de uma família de cariocas e apesar de ter vivido em Londrina-PR até os 14 anos eu sempre esperava essas tais férias, que eram como um bálsamo pra minha alma adolescente. O surfe, os primeiros namoros que inevitavelmente começavam na praia naqueles finais de tarde mágicos com cheiro de maresia e de incandescentes paixões que piravam qualquer garoto com um mínimo de sensibilidade.

Aos 14 vim com a família pra Ribeirão [Preto] e quando a invasão inglesa chegou por lá parecia que eu já estava há muito tempo pronto e esperando pra pegar aquela onda. aos 16 fugi de casa deixando pra trás uma vida de “playboyzinho” babaca de classe média-alta e me enfiei nos inferninhos enfumaçados da barra pesada de Sampa e nunca mais olhei pra trás.


ılı.lıllılı.ıllı..ılı.lıllılı.ıllı

Para quem não sabe você também é escritor, como esse seu “outro lado” foi despertado?



Escritor? Maybe. Desde que eu me lembre, minha vida sempre esteve dividida entre música e jornalismo. aos 13 e ainda em Londrina, ganhei um concurso de crônicas da minha escola - Instituto Filadélfia de Londrina - e uma coleção de Eça de Queiroz que tenho até hoje. A crônica se chamava "As pulgas de Brasília" e o que chamou a atenção dos jurados acho que foi o fato de que até quase no final do texto as pessoas achavam que eu falava da recém-inaugurada capital federal, mas na verdade eu comentava sobre um pulgueiro que a gente frequentava em Londrina chamado ‘Cine Brasília’.

Depois em Sampa fui trabalhar na ‘Revista Pop’ da Editora Abril e num jornal cult de Samuel Wainer chamado ‘Aqui, São Paulo’ enquanto escrevia como freelancer matérias para a Rolling Stones brasileira e mais uma penca de jornais independentes que existiam na época. Aos 21, quando fui pra Londres, mandava de lá matérias sobre música pra Pop, Veja e todos os jornais independentes ou não que topassem trocar minhas matérias por algumas moedas.

[continua parte II]

domingo, 29 de agosto de 2010

Oh sundays... drives me craaaazy!


Ei... domingão é aquele "ritmo" (risos)... medo de ouvir a música de entrada do Fantástico porque nos faz lembrar que amanhã já é segunda! =s

Mas também é um dia de descanso e de pôr as coisas em ordem, arrumar a bagunça da nossa rotina desenfreada.

Deixando o som rolar por aqui, não pude deixar passar despercebida uma música: HELTER SKELTER, dos Beatles.

Bom, então pra dar um UP no nosso "domingão da depressão", aumenta o som aí!!!

http://www.youtube.com/watch?v=ZV18scOsX54 - Helter Skelter cantada por
Paul McCartney







http://www.youtube.com/watch?v=GDtYugPuPK0 - versão Aerosmith (particularmente a minha preferida)


HELTER SKELTERRRR, DAMN SUNDAY!



by Bis

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sesc N´Blues em Ribeirão Preto 2010


Para quem mora em Ribeirão Preto e região e curte um blues, favor não perder a programação do Sesc N´Blues desse ano! Aliás, a partir de hoje 19/08 até 21/08.

Lembrando que este ano o festival acontecerá no próprio Sesc e não no Teatro de Arena como de praxe. SESC Ribeirão Preto R. Tibiriça, 50 - tel.: (16) 3977-4477

As apresentações têm início às 21h e o valor dos ingressos são:

R$ 30,00 [inteira]
R$ 15,00 [usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante]
R$ 7,50 [trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes]


Programação no SESC Ribeirão Preto


Dia 19, a partir das 21h

Ari Borger Quartet

Johnny Nicholas
(obs: a banda que o acompanha neste show é o BLUES THE VILLE, de São Carlos/SP)



Dia 20, a partir das 21 h

Mulheres Blueseiras & Vasco Faé

John Hammond Jr




Dia 21, a partir das 21 h

Maurício Sahady & Blues Groovers

Rick Estrin & The Nightcats



Veja a programação mais detalhada:
http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/subindex.cfm?Paramend=1&IDCategoria=6681

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Rá-tim-booooooom!



Aaaaaapples do meu Brasil varonil!

É tanta correria que esquecemos uma comemoração importantíssima: 1 mês de Blog Artheria mode on! Uhuuul!

Nós, Bis&Sun, agradecemos imensamente pelo carinho e atenção de vocês (além do bom gosto, rs) durante esse 1 mês de receptividade intensa. Para quem não leu a introdução deste blog, saiba que ele é fruto da nossa grande paixão pela arte e música, um hobby que iniciamos para saciar a nossa fome de cultura, a nossa curiosidade latente e vontade de divulgar talentos que conhecemos e que achamos que você também gostaria de conhecer.

Esperamos que continuem acompanhando, sugerindo, criticando, elogiando, comentando, etc. Aliás, o seu comentário é o melhor feedback, assim podemos melhorar e inovar as matérias, ou pelo menos sentir-nos feliz com o contentamento do freguês!

E vivaaaaaaaaa a todos nós que cultivamos a cultura!

Um grande abraço,

Bis&Sun

p.s.1: blogs seguidores, obrigada pelo apoio!
p.s.2: Para quem não gosta de cerveja, troque o brinde de canecas por taças de cristal e um original Champagne Chandon, meu bem! O importante é brindar! rs

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

100 anos de Adoniran Barbosa: o bom-humor do samba!

E hoje o sambista paulista mais bem-humorado que nós já conhecemos completaria 100 anos!



Adoniran Barbosa – nome artístico de João Rubinato (Valinhos, 06 de agosto de 1910) – foi um dos maiores sambistas da história. Compositor, ator, cantor e humorista. Suas letras eram originais porque buscavam a simplicidade, o representar da fala paulistana, as histórias que aconteciam nos botecos boêmios...



Era um contador de histórias nato, nas rodas dos bares juntavam-se muitas pessoas quando ele abria a boca, cativava! Conta a lenda que quando trabalhava na Rádio Record foi pedir um aumento e o diretor, na época, disse que iria estudar o assunto e que voltasse em uma semana. Uma semana passada, então, Adoniran voltou e o mesmo discurso mantinha o tal diretor, direto como era respondeu:“Tá certo, o senhor continue estudando e quando chegar a época da sua formatura me avise".

Dizem que gastou todo o dinheiro que tinha ajudando amigos ou comemorando o sucesso, mas amigo tinha muitos – e verdadeiros. Coisa rara, mas seu carisma e jeito simples eram encantadores.


O samba carioca tirou o chapéu para o samba paulista a partir de então, seu maior sucesso foi Trem das Onze. Quem aí não conhece pelo menos o estribilho? “(...)Moro em Jaçanã/se eu perder esse trem/ que sai agora às onze horas/só amanhã de manhã!(...)”


O nome artístico surgiu de um de seus personagens que representava nos programas de rádio, e assim o pseudônimo passou a ser confundido com o seu criador. Não vendo problemas, Adoniran aceitou.

O tema de suas canções tinha origem no dia a dia corrido de São Paulo, os despejados das favelas, os engraxates, a mulher submissa que se revolta e abandona a casa, o homem solitário, social e existencialmente solitário. Uma delas foi Iracema, que nasceu de uma notícia de jornal: uma mulher que fora atropelada vinte dias antes do casamento.O paradoxo bom humor/realidade era a sua fonte de inspiração.

Iracema
Adoniran Barbosa

Iracema, eu nunca mais eu te vi
Iracema meu grande amor foi embora
Chorei, eu chorei de dor porque
Iracema, meu grande amor foi você

Iracema, eu sempre dizia
Cuidado ao travessar essas ruas
Eu falava, mas você não me escutava não
Iracema você travessou contra mão

E hoje ela vive lá no céu
E ela vive bem juntinho de nosso Senhor
De lembranças guardo somente suas meias e seus sapatos
Iracema, eu perdi o seu retrato.

- Iracema, fartavam vinte dias pra o nosso casamento
Que nóis ia se casar
Você atravessou a São João
Veio um carro, te pega e te pincha no chão
Você foi para Assistência, Iracema
O chofer não teve curpa, Iracema
Paciência, Iracema, paciência

E hoje ela vive lá no céu
E ela vive bem juntinho de nosso Senhor
De lembranças guardo somente suas meias e seus sapatos
Iracema, eu perdi o seu retrato

http://www.youtube.com/watch?v=Ea5nMXIRxQM (Iracema - Elis e Adoniran 1978)

Ao contrário dos grandes sambistas, que buscavam a construção de suas letras mais formais e o emprego da segunda pessoa, as de Adoniran eram pontuadas pela escolha exata do ritmo da fala paulistana, relatando a sua própria fala - foram na contramão da própria história do samba. Uma maneira sutil de inserção social. Grandes nomes como Elis Regina, Clara Nunes e Demônios da Garoa interpretaram as suas letras.

Morreu com 72 anos em 23 de novembro de 1982.

Saudosos ficamos de Adoniran Barbosa, não da “maloca”, porque esta toca e vai tocar sempre nas rádios, naquele cd clássico que todo mundo tem, mas você... foi alegrar o céu com o seu samba!

Neste exato momento cai uma chuva fina aqui, como a garoa de São Paulo... será que me ouviu?! Então canta o Samba do Arnesto, vai! Era uma das minhas preferidas!



"O Arnesto nos convidou/ pra um samba/ ele mora no Brás/ nós fumos / não encontremos ninguém..."

by Bis

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Under their Pressure


(David Bowie e Freddie Mercury)

Hey! Apples, aproveitando as belíssimas matérias da Sun sobre David Bowie e Queen, indico a versão mais recente (da turnê “A Reality Tour”, feita por David Bowie, que deu origem ao álbum Reality, lançado em 2003) da canção UNDER PRESSURE, original de 1981, composta em parceria por David Bowie e Freddie Mercury, e neste álbum interpretada pela contrabaixista Gail Ann Dorsey (aliás, vale a pena conhecê-la melhor:
http://www.myspace.com/gailanndorseyofficial). Simplismente fantástica.

(Gail Ann Dorsey)

Chega de falatório and go girl!!!

http://www.youtube.com/watch?v=Vp5Bl9dasmg&feature=related

Under Pressure

Um boom ba bay
Um boom ba bay
Um boom ba ba bay

Pressure pushing down on me
Pressing down on you no man ask for
Under pressure - that burns a building down
Splits a family in two
Puts people on streets
Um ba ba bay
Um ba ba bay
Dee day duh
Ee day duh
That's Ok

It's the terror of knowing
What the world is about
Watching some good friends
Screaming 'Let me out'
Pray tomorrow gets me higher
Pressure on people, people on streets

Day day day
da da da dup bup
Ok!

Chippin' around
Kick my brains around the floor
These are the days it never rains but it pours

Ee do bay bup
Ee do bay ba bup
Ee do bup
Bay bup
People on streets
Dee da dee da day
People on streets
Dee da dee da dee da dee da

It's the terror of knowing
What this world is about
Watching some good friends
Screaming 'Let me out'
Pray tomorrow - gets me higher high high
Pressure on people - people on streets

Turned away from it all like a blind man
Sat on a fence but it don't work
Keep coming up with love
but it's so slashed and torn

Why - why - why ?
Love love love love love
Insanity laughs under pressure we're cracking
Can't we give ourselves one more chance
Why can't we give love that one more chance?
Why can't we give love...?
give love give love give love give love give love give love give love give love...
'Cause love's such an old fashioned word
And love dares you to care for
The people on the edge of the night
And loves dares you to change our way of
Caring about ourselves
This is our last dance
This is our last dance
This is ourselves
Under pressure
Under pressure
Pressure


by Bis

sábado, 10 de julho de 2010

Elis Regina Montreux Jazz Festival 1982

Hey, apple! Como estão?
Espero que muito bem! Hoje vou indicar um diamante da música popular brasileira: Elis Regina – aquela que, para mim, era uma artista completa.
No artigo de hoje a indicação é o cd Elis Regina Montreux Jazz Festival, no qual ela foi a vencedora. Com arranjos a La jazz, suas canções, que já eram maravilhosas, ficaram mais vivas.
O 13º Montreux Jazz Festival (Suíça) foi gravado em julho de 1979 e sua publicação em 1982 (póstumo). Foi relançado em 1987, 1996 (numa edição europeia com outra capa e fotos) e por último em 2001, na série “Arquivos Warner”, que apresentava mais 7 faixas inéditas. Uma preciosidade da discografia brasileira!
Um comentário interessante: Luizão Maia (http://www.myspace.com/luizaomaia), um dos grandes baixistas brasileiros, elegeu este CD de Elis um dos CDs essenciais para a coleção de qualquer baixista. Destaque para a música “Cobra Criada”, um marco histórico no avanço do baixo elétrico na música brasileira.
Curtam e comentem! (by Bis)
Para download:
Faixas:
1. Cobra criada (Paulo Emílio - João Bosco)
2. Cai dentro (Baden Powell - Paulo César Pinheiro)
3. Madalena (Ronaldo Monteiro - Ivan Lins)
4. Ponta de Areia (Milton Nascimento - Fernando Brant)
...Fé cega, faca amolada (Milton Nascimento-Ronaldo Bastos)
...Maria Maria (Milton Nascimento-Fernando Brant)
5. Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso)
6. Upa neguinho (Gianfrancesco Guarnieri - Edu Lobo)
7. Corcovado (Tom Jobim)
8. Garota de Ipanema (Tom Jobim - Vinicius de Moraes)
9. Asa Branca (Luiz Gonzaga - Humberto Teixeira)
10. Amor Até O Fim (Gilberto Gil)
11. Mancada (Gilberto Gil)
12. Samba Dobrado (Djavan)
13. Rebento (Gilberto Gil)
14. Águas De Março (Tom Jobim)
15. Onze Fitas (Fátima Guedes)
16. Agora Tá (Sérgio Natureza - Tunai)

E para quem gosta de saber os detalhes...

faixa 01 Cobra Criada Compositor(es): João Bosco e Paulo Emílio Músico(s): Cesar Camargo Mariano : Teclados Chico Batera : Percussão Hélio Delmiro : Guitarra Luizão Maia : Baixo Elétrico Paulinho Braga : Bateria Arranjador(es): Cesar Camargo Mariano

faixa 02 Cai Dentro Compositor(es): Baden Powell Paulo César Pinheiro Músico(s): Cesar Camargo Mariano : Teclados Chico Batera : Percussão Hélio Delmiro : Guitarra Luizão Maia : Baixo Elétrico Paulinho Braga : Bateria Arranjador(es): Cesar Camargo Mariano

faixa 03 Madalena Compositor(es): Ivan Lins Ronaldo Monteiro de Souza Músico(s): Cesar Camargo Mariano : Teclados Chico Batera : Percussão Hélio Delmiro : Guitarra Luizão Maia : Baixo Elétrico Paulinho Braga : Bateria Arranjador(es): Cesar Camargo Mariano

faixa 04 Pot-pourri

Ponta De Areia Compositor(es): Fernando Brant Milton Nascimento

Fé Cega, Faca Amolada Compositor(es): Milton Nascimento Ronaldo Bastos

Maria Maria Compositor(es): Fernando Brant Milton Nascimento Músico(s): Cesar Camargo Mariano : Teclados Chico Batera : Percussão Hélio Delmiro : Guitarra Luizão Maia : Baixo Elétrico Paulinho Braga : Bateria Arranjador(es): Cesar Camargo Mariano

faixa 05 Na Baixa do Sapateiro Compositor(es): Ary Barroso Músico(s): Cesar Camargo Mariano : Teclados Chico Batera : Percussão Hélio Delmiro : Guitarra Luizão Maia : Baixo Elétrico Paulinho Braga : Bateria Arranjador(es): Cesar Camargo Mariano

faixa 06 Upa, Neguinho Compositor(es): Edu Lobo Gianfrancesco Guarnieri


Uma das minhas músicas preferidas deste álbum:

"Upa Neguinho"

http://www.youtube.com/watch?v=oFZutmYruncd

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Diquiiiiiinha procês!


Heyyy Apple! Bom?

Uma dica legal para você curtir um som online, em qualquer lugar que estiver, com o um playlist do SEU JEITO é o site "groove shark". Fuça lá!

http://listen.grooveshark.com/
Aliás, para quem tem banda, dá para postar suas músicas lá e qualquer pessoa no mundo pode acessá-las rapidamente! Uhu, hã?!E em High Quality, detalhe.

obs: Já aproveito e indico duas músicas que rolam no meu playlist: AGANJÚ, da Bebel Gilberto e BLANK GENERATION, do Richard Hell & The Voidoids. Ouça... e comente! =D

by Bis

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Apresentação da Associação Cultural Quarteto de Cordas de Ribeirão Preto

Hey Apple! Tudo bem com vocês?

Ontem (22/06) fui assistir à apresentação do meu amigo contrabaixista Felipe Palma, da Associação Cultural Quarteto de Cordas de Ribeirão Preto, e adorei!
Aconteceu às 20h no Teatro Municipal e a entrada era gratuita para toda a
população.
Esta apresentação de música e dança faz parte do Projeto Kabuki, realizado no Centro Cultural Campos Elíseos e no Centro Cultural Quintino Facci II, em convênio com a Secretaria Municipal da Cultura.
No programa, foram mostradas obras de compositores universais como Tchaikovsky,Handel, Bella Bartok, Villa-Lobos e Ernani Aguiar, além autores clássicos da música brasileira a exemplode Pixinguinha, Adoniran Barbosa, Tom Jobim, Ernesto Nazareth, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, entre outros.
Quero aqui fazer um elogio a todos os professores de lá pelo empenho, as
apresentações estavam impecáveis! Violinos, pianos, ballet, cavaquinhos, violões, coral, interpretação cênica e até uma orquestra! Com viola caipira e tudo! A plateia ovacionou muito: pais, mães, amigos e “Roberts” – como eu! Rá! Brincadeira!
Mas a apresentação que mais me arrepiou foi a do professor Felipe Poch, aliás um jovem talento da guitarra, com seus alunos empunhando violões na canção Eleanor Rigby, dos Beatles. Sensacional! É isso aí: incentivo à cultura desta cidade!
Curtam as fotos e comentem!
Para quem quiser mais informações, o Centro Cultural Campos Elíseos atende crianças de 7 a 21 anos, tem musicalização a partir de 8 meses, aulas de violão, violino, contrabaixo(orquestra), viola(orquestra), violoncelo, flauta doce e transversal, cavaquinho, piano, ballet a partir de 5 anos, dança de rua e coral.

Contato: centrocultural@pmrp.com.br
Rua Capitão Salomão, 250
Telefone: 16 3635 5667
Ribeirão Preto - São Paulo


Coral com mais de 100 crianças


Crianças cantando parlendas brasileiras


Cordas: Banjos e cavaquinho


Cordas: Piano e Violino


Prof. Felipe Poch, Felipe Palma e seus alunos


Ballet - Coreografia de Fabíola Poch


Chave de ouro: Orquestra!

by Bis